São Paulo – A Câmara de Comércio Árabe Brasileira assinou nesta terça-feira (10) um memorando de entendimento com a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança (Abimde) para reforçar a parceria na promoção de produtos de defesa e segurança brasileiros no mercado árabe.
A foi feita pelo presidente da Abimde, Roberto Alves Gallo Filho (foto acima à direita), e o presidente da Câmara Árabe, Rubens Hannun (foto acima, à esquerda), em seminário no qual foi discutido como o setor privado pode aproveitar as portas abertas pela viagem do presidente Jair Bolsonaro aos Emirados Árabes Unidos, Catar e Arábia Saudita no final de outubro. O encontro ocorreu no auditório da Câmara Árabe, na capital paulista.
A Câmara Árabe a Abimde já atuam em parceria e o acordo deve dar impulso ao trabalho conjunto, de acordo com Hannun. “Um memorando vai trazer mais troca de informações, um planejamento conjunto das missões”, disse o presidente da Câmara Árabe. Segundo ele, um dos objetivos do acordo é dar continuidade ao relacionamento do setor de segurança e defesa no mercado árabe após a viagem de Bolsonaro.
O presidente Bolsonaro viajou aos três países árabes acompanhado de uma missão empresarial, com forte presença de empresas do setor de defesa, e com a participação do Ministério da Defesa, que também atuou na preparação das atividades nos países. Nos Emirados Árabes Unidos foi assinado um memorando de entendimento que permite a operação de fundos privados de um país no setor de defesa do outro.
Um acordo na área deve ser assinado também com o Catar até abril do ano que vem, segundo informou o general de divisão e diretor do Departamento de Promoção Comercial do Ministério da Defesa, Luis Antônio Duizit Brito, no seminário. A Arábia Saudita está analisando a possibilidade de um memorando do gênero com o Brasil.
“É um reconhecimento dos governos de lá e de cá que fundos privados irão operar no mercado brasileiro na área de produtos de defesa”, explicou Brito à ANBA, esclarecendo que o instrumento vale também para fundos brasileiros operarem no setor de defesa do outro país. “No caso de investimentos de indústria de defesa, o estado brasileiro tem que estar ciente de que aquele fundo vai entrar em participações, aquisições ou negociações com a base industrial de defesa.”
A gerente de Relações Institucionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, mostrou no seminário como a indústria brasileira de defesa e segurança vem crescendo no mercado árabe. De acordo com a gerente, os países árabes aram do sétimo destino de produtos do segmento de janeiro a novembro do ano ado para o terceiro destino nos 11 primeiros meses deste ano. Foram US$ 148,8 milhões faturados com exportações no ano ado e US$ 182,78 milhões neste ano até novembro, com alta de 26,2%.
Baltazar apresentou fatores que pesaram neste aumento, como o crescimento expressivo nas compras da Mauritânia, impulsionado por aquisições de radares e aeronaves, além de forte avanço nas importações dos Emirados e Catar.
A gerente de Relações Governamentais da Câmara Árabe afirmou que ocorreu uma abertura nos mercados com a viagem de Bolsonaro e chamou as empresas a pensarem na continuidade das relações com os países árabes. Segundo ela, a Câmara Árabe e a Abimde têm interesse em fazer isso reunindo diferentes setores que se complementam no mercado internacional, não apenas de defesa. “Vale dizer que estamos falando de um fluxo de comércio , de poucos produtos”, disse Baltazar sobre a pauta de comércio com os árabes, que cresce, mas é concentrada.
O secretário-geral da Câmara Árabe, Tamer Mansour, disse aos presentes que a viagem presidencial mostrou sua importância para o comércio. “A viagem mostrou como o guarda-chuva governamental pode ser uma segurança para entrarmos em uma nova era na relação com os países árabes”, disse Mansour. Ele apresentou possibilidades de mercado para o setor de defesa e segurança em países árabes que precisam reforçar a segurança em suas fronteiras.
Galllo, da Abimde, afirmou que nos últimos dez anos, três países árabes – Arábia Saudita, Emirados e Catar – estiveram entre os dez principais destinos de vendas do segmento no mercado internacional. O presidente da Abimde apresentou o mercado árabe como potencial para o setor de defesa e segurança, unindo algumas das suas características, entre elas a necessidade imediata de aquisição de capacidade militar, a existência de projetos locais para diversificar a base industrial e os grandes fundos de investimento.
Gallo disse que é muito relevante a exportação para a indústria de defesa brasileira e que nesse setor, no mundo árabe, o oficialismo tem peso, o que deve ser observado por parte das empresas. “Por boa parte dos locais serem monarquias ou equivalente a monarquias, o aparato estatal no início da relação ou na relação tem peso muito maior do que a presença empresarial. A visita do presidente da República certamente abre e abriu portas que são impossíveis de se abrir num ambiente destes sem a presença estatal”, falou.
Duizit, do Ministério da Defesa, pregou a necessidade de um relacionamento de longo prazo com o mercado árabe na área de defesa. “O que queremos fazer com os países árabes são negócios de 30, 40, 50 anos”, disse. O general contou dos resultados da missão presidencial aos países árabes para o setor e citou, além dos memorandos firmados na área de fundos, a de acordos-quadro no setor no Catar e Arábia Saudita. Com Emirados já existia o acordo.