Débora Rubin
São Paulo – O Brasil está ajudando o mundo a ficar cada vez mais florido. É o que mostram os números de exportações do setor de floricultura: de janeiro a setembro, a receita das vendas externas chegaram a US$ 24,2 milhões – pouco menos do que o país exportou durante o ano de 2005 inteiro, US$ 25,7 milhões. Olhando de uma perspectiva maior, o setor vem crescendo já há alguns anos. De 2000 para cá, houve um crescimento nas exportações de 515%. Os dados são do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor). Segundo o Ibraflor, a expectativa é de que em 2008 o setor atinja os US$ 80 milhões em embarques.
Os dados do instituto mostram que o principal tipo de produto exportado são as mudas de plantas ornamentais. No primeiro semestre, as exportações das mudas representaram 53,49% do total exportado, somando US$ 8,072 milhões. O segundo grupo mais vendido são os bulbos, tubérculos e rizomas, que representaram 28,54% das vendas no período.
As flores e botões de corte frescos representaram apenas 10,12% das exportações do primeiro semestre. Embora ainda seja pequeno, é um setor que tende a ser cada vez mais exportado. Alagoas é um exemplo de exportador de flores tropicais em buquê. Toda semana, são exportados 1,5 mil buquês para supermercados na França e na Suíça.
Hoje, o Brasil exporta para 30 destinos, sendo a Holanda o maior comprador. Os Estados Unidos vêm em segundo lugar no ranking dos importadores. Itália, Canadá, Espanha, Alemanha e México são alguns dos outros compradores. "Ainda há muitos mercados para se explorar, entre eles, os países árabes", diz Léa Lagares, coordenadora nacional de floricultura do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). "Inclusive, estamos abertos a parcerias para atingir esse mercado específico."
Descentralização
Em 1999, o Sebrae iniciou um trabalho para apoiar o setor de flores. A idéia era descentralizar a produção até então super concentrada no estado de São Paulo e ajudar a profissionalizar toda a cadeia produtiva. No começo, eram apenas dois programas, um em Alagoas e o outro no Rio Grande do Sul. Hoje, são 37 projetos. "Nosso objetivo é mostrar a importância que a floricultura tem, e pode ter ainda mais, na economia brasileira. Existe uma biodiversidade enorme, climas variados e mão-de-obra para aumentar a produção", explica Léa Lagares.
Cada projeto, diz ela, tem as suas peculiaridades. Cabe ao Sebrae e aos 129 parceiros – universidades, bancos, institutos, etc – se adequarem ao que as cooperativas, associações e grupos de empresários querem. "Cada um tem um foco. Um quer aumentar produção, outro a exportação, e por aí vai", diz Léa.
Segundo a coordenadora, falta ainda ao Brasil uma política que favoreça o setor. É preciso melhorar a questão da logística, afinal, exportar flor é complicado já que ela perece rápido. "Além disso, é preciso desenvolver a tecnologia, o marketing, exportar mais produtos com valor agregado, como buquês e arranjos", explica.
Não existem no Brasil, por exemplo, muitos "melhoristas", profissionais dedicados a aperfeiçoar espécies. Ele melhora uma planta, divulga e depois ganha royalties em cima da descoberta. "Flor é moda. É preciso pesquisar, testar para ver se cai no gosto das pessoas. Isso exige investimentos", diz a coordenadora do Sebrae, que está na Holanda, onde fica até domingo (05) com um grupo de produtores de Barbacena para a feira Hortfair, a maior do setor.
Mercado interno
Se exportar cada vez é uma ambição do setor, vender no mercado interno também é. Se a produção atual fosse multiplicada por dez, ainda não abasteceria o mercado nacional. Há muito comprador em potencial no Brasil. No entanto, o brasileiro não é exatamente um comprador habitual de flor. Enquanto na Europa o consumo per capita anual é de US$ 50, no Brasil, é de apenas US$ 6.
"Aqui a compra de flores se resume a três datas: Dia dos Namorados, Dia das Mães e Finados. As pessoas não têm o hábito de levar flores para casa, para o trabalho", diz Léa. O trabalho do Sebrae também envolve parceria com designers florais e organizadores de eventos.
Contatos
Sebrae
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Ibraflor
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